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A falta de amor é nosso maior esquecimento

por Tales Nunes

 

O nosso maior engano é pensar que não somos amados. O amor é a razão de nossa existência. Nascemos por amor, mas esquecemos a força primordial que nos direciona ao nascimento.

Desde que o desejo de nascer se associa a um útero materno, temos o amparo de todo o Universo na direção de nosso caminho. O acolhimento da terra está presente, a nutrição da água, a força do fogo e o sustento do ar. Mesmo que seja contra a vontade da mãe ou do pai, a gestação acontece devido à força e o amparo da natureza. A Natureza é uma grande mãe que nos acolhe e nos dá tudo o que necessitamos para crescer e nos desenvolver. Mesmo as adversidades estão a serviço da ampliação da compreensão de nossa existência.
É comum pensarmos no que faltou em nossas vidas, mas se pararmos para refletir, nós tivemos tudo o que nós precisamos. Se você chegou até esse momento agora, de estar lendo este texto, é porque você teve tudo o que você precisa em sua vida. E isso é motivo suficiente para agradecer por todo o amparo que a Natureza nos deu, na forma do trabalho de outras pessoas, de alimento, de sustento, de carinho, de acolhimento. Certamente houve sempre uma mão disponível para nos oferecer algo, mesmo que uma mão invisível que no guiou até este ponto.

Mas nosso olhar é, muitas vezes, de antagonismo. Acostumamos a ver a natureza como um adversário a ser superado. Nos revoltamos contra processos que são naturais à vida, como o envelhecimento do corpo, a dor e a morte. Não os vemos como meios de compreensão, como passagens para entendimentos mais amplos. Quando a negamos, a morte deixa de ser mestre e passa a ser uma inimiga, a dor perde a sua força de sensibilização para o outro. E assustados com a morte e com a dor, lutando contra elas, nos fechamos e deixamos de viver plenamente. Quem não está disposto a morrer, não está pronto para amar.

Ao tomar a Vida como uma luta contra a natureza, vendo-a como inimiga, perdemos a consciência de sua amplidão. Esquecemos da Vida como uma celebração diária, deixamos de agradecer e de comungar com as forças primordiais da existência. Não nos damos conta, mas é contra nós mesmos que estamos guerreando quando lutamos contra o mundo e suas leis essenciais. Cada aparente vitória é a ampliação do afastamento que aumenta a tristeza e a falta em nossos corações, pois nos distancia do amor que somos. Toda a matéria que nos circunda, todas as formas que enxergamos são expressões do amor e meios de o reconhecermos como fonte de nossa existência. Nada está contra nós, tudo está ao nosso favor, quando há no coração reverência e gratidão por estar vivo.

A cura de nosso esquecimento é um processo de desalienação constante, que está associado ao corpo físico, ao campo da energia, ao âmbito social e ao nível do espírito. A cura é um caminho de descoberta de novos sentidos, de despertar de sentidos ocultos, de re-significação e de ampliação da existência no reconhecimento do amor como fundamento de toda a manifestação.

Florianópolis, 23 de maio de 2017
Tales Nunes

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