Existe uma magia envolvida no encontro com um livro. Às vezes entro numa livraria, livre da atitude da escolha, a partir da abertura para ser escolhido. Os livros têm um encanto porque eles são muito mais do que imaginamos. A partir do momento que o sentido se imprime no papel, a matéria ganha alma, uma magia própria. Acredito que existe uma razão além da razão que rege alguns encontros. Uma escolha além da escolha. Os livros estão nessa esfera misteriosa. Frequentemente estou com um tema na cabeça e escrevo sobre ele. Então, quando entro numa livraria, esquecido do tema, livre para ser escolhido, um livro me chama a atenção. Abro, começo a ler e pronto, vejo que o desejo pelo conhecimento encontrou o conhecimento que se insinuou como o perfume de uma flor. Os perfumes nos atraem misteriosamente, por instâncias que a lógica e a mente consciente desconhecem. Com o Yoga não é diferente. Esteja num livro ou não, o Yoga é um conhecimento milenar que perpassa o tempo como uma vibração de palavras e um perfume que conduz ao silêncio. O Yoga é uma prática, é uma prece, um entendimento e o maravilhamento de um encontro. O Yoga é uma escolha que fazemos e uma escolha que nos toma. O desejo pelo encontro se abre como um anseio, como uma busca. Eu pedia pelo Yoga sem conscientemente saber sobre Yoga. Assim que esse pedido, de forma deliberada ou inconscientemente aconteceu, algo misteriosamente se mostrou como um aceno para um caminho que de alguma forma já estava aberto em mim. Por isso o Yoga é um arrebatamento, um encontro mágico, como todo encontro amoroso. Um encontro, de um desejo profundo, consigo mesmo.
Tales Nunes
