Era difícil respirar. Eu estava morrendo. A inspiração e a exalação aos poucos se transformavam em um alento mais profundo do que a respiração. O medo surgia da contração do desejo de ficar. Era preciso deixar ir. O meu corpo estava saindo do meu corpo. Era assustador. Ela me disse, “ não quero te esquecer”. “Nada verdadeiro se esquece” respondi. Não era eu quem dizia, era uma voz que vinha de uma inteligência maior. Quanto mais me entregava e soltava o meu corpo de mim, mais eu sentia que essa voz que sabe mais sempre esteve comigo.
Tales Nunes
ilustração de Tainá Andery