Tales Nunes
Facilmente esquecemos o propósito que o Yoga nos sugere como sendo o essencial.
A palavra “propósito” tem sido amplamente usada sugerindo a ideia de que encontremos algo fundamental a ser feito na Vida. Vejo algumas pessoas que se sentem perdidas por não terem encontrado seu propósito de Vida. Isso acontece porque, no campo da ação, não existe unidade, é impossível encontrarmos um propósito único, algo que eu faça definitivamente e que me preencha toda vez que execute.
Para pensarmos sobre isso, sugiro trocarmos o nome “propósito” por “motivação”. Qual é a minha motivação no Yoga. Qual é a minha motivação na Vida.
O Yoga sugere que a motivação essencial é o amor e, a partir desse encontro, a manifestação da beleza através da ação. O caminho pode ser o inverso também. Através da ação mais bela, posso reconhecer o amor, a não separação, como algo fundamental. A ação mais bela é aquela que se fundamenta na motivação sincera da empatia e da compaixão.
É fácil nos perdemos da motivação amorosa, do propósito amoroso. Muitas coisas nos desviam: a inveja, o ciúmes, a raiva, o impulso de posse, a cobiça, a ambição. A motivação amorosa é uma lembrança e um cultivo. É um centro, um lugar que encontramos, alimentamos e ampliamos em nós, a partir do qual nossas ações mais belas podem nascer.
Quando encontramos esse lugar em nós, descobrimos nosso propósito de Vida. Isso não quer dizer que encontraremos um trabalho perfeito, uma profissão de sucesso ou que ganharemos muito dinheiro. Essa riqueza tem outra dimensão, a dimensão da Vida, da beleza, do encontro, de uma simplicidade. O nosso tempo, energia e escolhas começam a girar em torno dessa motivação.
A partir dela, nossa Vida se torna mais simples e verdadeira. Cada momento se abre como oportunidade de escuta e de aprendizado, a ação como possibilidade de ampliação.
Essa é a grandeza de encontrar o propósito que o Yoga aponta como essencial, pois nele está a verdade da Vida, uma riqueza sem fim, uma beleza que, quando estabelecida, ninguém consegue roubar de você.
Tales Nunes
