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A criança em nós

O segredo que quero lhe contar é simples. O tempo nos sussurra, quando a ele oferecemos nosso silêncio.
Envelhecer não é o limite, é a oportunidade. No fluxo da vida, não permanecemos crianças mas a criança permanece em nós. Com o tempo, a vida ganha uma complexidade que facilmente nos toma e pode nos desviar do fundamental. À medida que envelhecemos, aumenta o chamado para redescobrirmos o básico, para escutarmos a criança que ficou esquecida em nós.

A criança demanda amor e depende dos pais. Ela é amor, mas não se sabe amor. O adulto tem a chance de descobrir-se amor e oferecer-se como cuidado. Estar no corpo e viver o tempo propõe um caminho de amadurecimento e todo amadurecimento é a descoberta do essencial.


A criança é uma metáfora do essencial da Vida. Uma simplicidade fundamental que apesar de não seguir a lógica de envelhecimento do corpo, pois o transcende, se expressa através dele, como carinho, cuidado, limite, solidariedade, como Amor.


Quando a avó ou o avô se deleitam com as brincadeiras de seus netos, é essa centelha de Vida sempre límpida em si mesmo que veem, que sentem.
Deleitam-se porque não é a necessidade do Amor, na forma de demanda que se manifesta, é a simplicidade amorosa que reconhecem.


Somos todos crianças, em nossa simplicidade amorosa básica. Somos todos avós e avôs, na maturidade de nos reconhecermos mais amplos do que a nossa demanda de amor e nos descobrirmos como a vastidão unitiva da Vida, que é simples e eternamente bela em sua expressão.

 

Tales Nunes

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