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Yoga, Poesia, cursos, reflexões, pensamentos

A dor na prática de Yoga

por Tales Nunes

A dor é inevitável, seja ela física ou emocional. Isso não quer dizer que precisamos provocá-la, ou tentar negá-la.

O Yoga não é uma maneira de fugir da dor, tampouco é uma forma de causá-la. Parece óbvio afirmar isso, mas não é tanto assim. Nossa mente se envereda por caminhos complexos e facilmente podemos acreditar que a dor é necessária para qualquer tipo de crescimento. Isso não é verdade.

A prática de ásanas não precisa ser um elogio à dor, como se ela fosse imprescindível para se chegar a um lugar prometido no futuro. A prática de Yoga, por sua vez, não precisa ser uma ode ao desafio emocional, à desconstrução da “zona de conforto”, a ponto de provocar dor emocional. O que chamamos de zona de conforto, não é tão confortável assim. Por isso as pessoas se movem para sair dela. Às vezes o que chamamos de “zona de conforto” é exatamente o lugar de dor e de desconforto. É aí que entra a prática de Yoga.

A prática de Yoga pode ser prazerosa tanto quanto a Vida pode ser prazerosa. Talvez ao ler essa afirmação, algo em você reaja pensando, “não irei me acomodar no prazer?”. Sim, essa é a questão, você pode se acostumar ao prazer, o prazer enquanto fluxo vital, enquanto Vida. O fluxo vital no corpo pode ser prazeroso e criativo. Mover-se a partir do fluxo vital é se mover com arte, com graça, com viço. Há uma fonte de energia em nós que não se esgota, energia amorosa, criativa e prazerosa. Quanto mais compartilhamos essa energia, mais ela se revigora em nós. É como uma brincadeira cósmica.

Qual é, então, o papel da dor? A dor é um ponto, para, através dela, descobrirmos o fluxo. A dor pode, sim, nos abrir para a Vida. Contudo, a dor não precisa ser provocada para nos abrir. Nenhuma prática de Yoga precisa induzir a dor para nos abrir. A Vida por si mesma já faz isso.

A prática de Yoga e a prática de ásanas podem ser amorosas. Através de uma prática amorosa, temos a oportunidade de nos reconhecer como fonte de amor, de abundância de energia, como transbordamento de Vida. O amor é essa abertura que nosso corpo e nossa mente buscam. E quando reconhecem esse lugar como essência de si, expressam-se com beleza e com graça. O Yoga, para mim, é essa beleza, essa graça, é esse amor e esse transbordamento de Vida.

Tales Nunes

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