Tales Nunes
No início, o silêncio pode ser um calabouço. Nele habita o medo de se ver e de se sentir só. O medo de se perder na imensidão. O medo de se dissolver.
Pouco a pouco, ao passo que o silêncio se abre ele se torna uma relação, uma possibilidade amorosa. Um lugar de acolhimento de si, a partir do qual encontramos a vida em toda a sua amplitude. Há solidão no silêncio, mas nunca estamos sós. Mesmo que seja a dança das folhas ao vento, o som da chuva, pensamentos profundos que emergem de lembranças tão antigas que sentimos como algo além de nos mesmos, estamos em companhia.
O silêncio é noite estrelada, o silêncio é céu azul, o silêncio é balanço do Mar. O silêncio é o meio de perceber a vida como ritmo.
O silêncio é o que somos fundamentalmente.
Tales Nunes, Floripa, dez de 2025




