por Tales Nunes
Tudo o que é vivo busca a vida, a expansão. As plantas, ao crescerem em direção ao sol em busca da luz, e ao mesmo tempo ao expandirem as suas raízes sob a terra procurando por água e nutrientes, estão nesse movimento de manutenção e expansão da vida. Quando olhamos para os seres vivos separadamente, percebemos que todos estão num movimento contínuo, movidos pela manutenção da vida. Das moléculas do nosso corpo, ao nosso organismo como um todo, da semente que fecunda, à planta que cresce em direção ao sol.
Quando, contudo, ampliamos o olhar sobre todos os seres vivos vendo-os como parte integrante de um mesmo e único organismo, o que percebemos é uma dança exuberante cujo sentido não é a sobrevivência, pois, na unidade, a vida não se vê ameaçada. O sentido é o encantamento. Vista dessa maneira, a vida se torna um grande jogo, uma eterna dança que cria formas e que, vibrante, está presente em tudo o que vemos.
A vida, então, é uma grande obra a qual nos inclui, não apenas como objetos, mas também como consciência e força criativa. Somos a curva do universo sobre ele mesmo, olhos que contemplam a própria criação. Nesse sentido, o universo inteiro deve ser reconhecido como sagrado, como uma grande arte. E a nossa própria vida, como parte dela, é a nossa contribuição pessoal, que construímos dia-a-dia, com o pincel e as linhas desenhadas por nossas ações e pensamentos, reconhecendo, a cada momento, o milagre que é viver e ter a oportunidade de estar consciente, de contemplar a criação como parte integrante dela. Não foi Deus que nos criou à sua imagem e semelhança, nós o criamos, enquanto imagem, semelhante a nós. Mas Deus é tudo, é o Todo, que nos inclui.
Tales Nunes