por Tales Nunes
É difícil expressar o que nos invade em ondulações, movimentos oceânicos vindos de direções que sequer sabemos. Profundidades que chegam por todos os lados e nos levam a um centro. Ou, de um centro, nos espalham em todas as direções.
Ainda assim, tento criar fluxos com as palavras. Algo que exprima essa vastidão. Se é por amor, não sei. Posso dizer que é por mim e talvez por você. Sei que guarda essas mesmas grandezas. Elas te levam para lugares fora da razão limitada que fala apenas de números e convenções sociais. Se de alguma maneira esse meu sopro chega em seu peito e encontra velas içadas, navegamos juntos. Se isso é amor, então, escrevo por amor.
Aos que estão presos nos nomes, nas formas, nas normas e usam as palavras para impedir que se navegue, esses se perderam do sopro original da Vida. Não enxergam o tempo em movimento amoroso, não sentem mais a poesia em seus corpos regidos pelo medo, rígidos demais para deslizar no tecido das águas.
Eu escrevo a partir de uma liberdade que não me deixa escolha, porque não consigo evitar de sentir a Vida infinita. E em minha pequenez, sopro palavras para que seu coração não se sinta sozinho nessa imensidão, não se veja sozinho nessa solidão em que navega.
Tales Nunes