por Tales Nunes
Não nos ensinam a viver.
É impossível antecipar a teoria às possibilidades de acontecimentos. A sabedoria não nos assegura uma vida livre de dor, mas nos oferece um chão, um lugar em si mesmo e no mundo. A sabedoria é um legado do tempo vivido e de algo misterioso que o aprofunda. Quando uma alma se dedica a encontrar e a refletir a beleza do Universo, sua história se soma à própria criação. Para mim, sabedoria é viver de acordo com a beleza dessa grande dança cósmica.
Não aprendemos ou aprenderemos a escutar e a dançar sozinhos. Diversas culturas sentiram essa harmonia e desenvolveram olhares e movimentos para nos ensinar a sentir também. Estamos numa cultura que nos estimula a competir, a lutar, a ganhar. Mas o que é ganhar? Perdemos muito tempo correndo atrás de ilusões. A mente cria objetos fictícios para conquistar, um após o outro, enquanto sequer paramos para conhecer a base da mente. Sem conhecer a base da mente não escutamos ou sentimos com profundidade, a vida simplesmente passa. Confundimos ruído e velocidade com intensidade. Existe uma serenidade inerente. Essa serenidade é a abertura para todas as intensidades incessantemente criadas pela força vital.
O coração alienado de si, se mantém numa prisão autocriada, a clausura dos ruídos da própria mente. Quando o tempo nos coloca mais perto do fim, muitos desesperam, porque percebem que investiram todo o tempo numa ilusão. A sabedoria é o ganho mais duradouro. É o único ganho que fica conosco e permanece além de nós. A sabedoria é o próprio reconhecimento de que somos o Universo inteiro. Quando percebemos isso, a nossa vida se amplia. A sabedoria do mundo se soma ao nosso viver, ao passo que o nosso tempo vivido se soma à sabedoria do mundo.
Desejo a você sabedoria.
Tales Nunes