por Tales Nunes
A Gītā faz parte do grande épico Mahābhārata. O Mahābhārata é uma longa epopéia e dentro dele está contido o dialogo entre Kṛṣṇa e Arjuna.
Na Bhagavad Gītā o estudo de Vedānta vem junto com a prática de Yoga. Os dois pertencem à tradição dos Vedas e são, podemos dizer, inseparáveis. Então, o objetivo maior da prática de Yoga é o autoconhecimento.
A Bhagavad Gītā é o principal texto de Vedānta, pois é o mais completo. Na Gītā todos os assuntos são abordados. Os textos fundamentais de Vedānta são as Upaniṣads, porém é na Gītā que encontramos todos os assuntos abordadados no ensinamento de Vedānta, incluindo o assunto principal das Upaniṣads, o conhecimento de Brahman.
A Gītā e nós
A Gītā inspira-nos porque Arjuna representa o discípulo, o aprendiz, aquele que está capacitado, qualificado. Ele está qualificado como guerreiro, como um príncipe e como o discípulo de Kṛṣṇa, um buscador espiritual.
Arjuna em vários momentos questiona a própria qualificação, assim como nós fazemos. Em determinado momento ele diz para Kṛṣṇa “isso é fácil para uma pessoa com uma mente como a sua, você não tem a menor idéia de como é minha mente, minha mente pula pra todo lado, eu não consigo segurá-la, é mais fácil controlar o vento que minha mente”.
Kṛṣṇa responde que é isso mesmo, a mente é assim mesmo, é da natureza da mente. Ele poderia ter dito “você não consegue porque não está preparado, se estivesse preparado não faria essa reclamação”. Arjuna não se achava qualificado e em vários momentos questionou a sua própria qualificação, como nós fazemos. O papel de Kṛṣṇa, como mestre, foi dizer o quão qualificado ele era.
“Eu dou a você esse conhecimento porque você é querido pra mim, porque você é um amigo e porque você é qualificado para recebê-lo”.
“Arjuna” quer dizer também “Aquele que é correto”. Em vários momentos quando ele teve que optar entre o que o desejo dele dizia e o que era adequado, ele optou pelo que era adequado, deixando o desejo de lado. Isso requer um amadurecimento e uma preparação. Isso é Antarkāraṇa Śuddhi (purificação da mente).
O personagem Arjuna faz toda a diferença porque ele é uma inspiração para nós, uma vez que as perguntas feitas por Arjuna são as nossas perguntas. De uma certa maneira podemos nos inspirar, pensando como Arjuna agiria em determinada situação.
Quanto à qualificação do mestre, não há sombra de duvidas que Kṛṣṇa é Viṣṇu encarnado, ou seja, ele possui a mais alta qualificação que um mestre poderia ter. E no diálogo entre ambos todo o conhecimento é transmitido, deixando o discípulo livre de dúvidas.
O tema da Gītā
A Gītā fala sobre o conhecimento do absoluto e sobre um estilo de vida. Esse estilo de vida é chamado de Yoga, e isso faz da Gītā um texto completo porque é um Yoga Śastra (Tratado de Yoga) e um Brahma Vidyā (conhecimento de Brahman).
A Gītā tem 18 capítulos e 700 versos. Ela pode ser dividida em 3 partes de seis capítulos: Os capítulos do 1 a 6 falam sobre o individuo, do 7 ate o 12 falam sobre Īśvara, do 13 até 18 falam sobre a identidade entre o indivíduo e o todo.
Capitulo 1 – A Tristeza de Arjuna
Capitulo 2 – O Conhecimento
Capitulo 3 – A Atitude na ação
Capítulo 4 – O Conhecimeto e a Renúncia da Ação
Capítulo 5 – A Renúncia da Ação
Capitulo 6 – A Meditação
Capitulo 7 – O Conhecimento e a firmeza do Conhecimento
Capítulo 8 – O Imperecível Brahman
Capítulo 9 – O maior dos conhecimentos (rei), o maior dos segredos (rei)
Capítulo 10 – As Glórias
Capítulo 11 – A Visão Cósmica
Capítulo 12 – A Devoção
Capítulo 13 – As qualificações para adquirir o conhecimento
Capítulo 14 – Os Guṇas
Capítulo 15 – A árvore do saṁsāra
Capítulo 16 – As qualidades divinas e demoníacas
Capítulo 17 – As características das pessoas segundo os guṇas
Capítulo 18 – Mokṣa e a renúncia
*Resumo feito por Tales Nunes a partir das aulas da Essência da Gītā da professora Gloria Arieira.