Cada instante tem uma força silenciosa intrínseca
de onde toda criatividade nasce.
A Natureza se expressa sempre nova,
exuberante e inesperada a partir deste campo de intensidades.
Quando uma pessoa, num instante de lucidez encantada,
abre-se em escuta e tem a coragem tanto para a sensibilidade
quanto para a possibilidade de se fazer ato não usual,
surge o inesperado com a força de quebrar a ordem normativa
e de vivificar a potencialidade do momento.
Quando uma fala, um gesto, uma forma de ser
se coadunam a essa vivacidade,
abre-se um campo propício para o despertar,
para o vislumbre da beleza e da potência expressiva do instante.
Esses momentos se tornam inesquecíveis.
A isso chamo “o despertar feminino”. É um poder sensual e sagrado;
virgem, puro e ao mesmo tempo selvagem;
explicitamente belo e profundamente misterioso.
Se você olhar para a placidez e a tempestividade do mar,
para a exuberância de uma floresta,
para a magnitude de uma montanha
ou no fundo dos olhos de uma mulher
com a coragem de quem não tem medo de se enxergar,
é essa força que você verá,
os próprios olhos e expressão da Deusa,
constantemente criando
a partir da força do silêncio, do canto e da dança.
(Tales Nunes)