por Tales Nunes
O fogo da lamparina é a luz da vida. Representa a consciência que sempre brilha e a inteligência manifesta que é o próprio Universo, em toda a sua riqueza de formas e em constante movimento que avança no tempo e cria o devir. Eterna consciência e força criativa. Em alguns templos e altares na Índia o fogo da lamparina é preservado há centenas de anos, sem se apagar. A mesma chama brilhando, sendo preservada e alimentada.
O fogo da lamparina do altar é um símbolo para a chama que brilha no espaço sagrado do coração, na forma de consciência da nossa existência e de força criativa que somos. Um brilho uno, sempre o mesmo, assim como a luz que o fogo emana, mas ao mesmo tempo individual, pois, em sua forma, a chama se diferencia. E como se coloca e transforma o mundo varia. Diverso e uno ao mesmo tempo.
O espaço do coração, onde brilha essa chama, deve ser mantido com o mesmo cuidado e carinho com que mantemos um altar. Livre de impurezas e apesar de sempre aberto, protegido. Em vários momentos a proteção para que a chama não se apague, para que o reconhecimento não se perca, é a abertura. Noutros, quando ventos fortes são inevitáveis, sopros das dores da vida que nos invadem em momentos especiais, é preciso recolhimento para o reconhecimento da própria força.
A maior força que podemos descobrir no altar do coração, é a unidade do brilho que somos e sua expressão criativa. Apesar de sermos diversos e percebermos nessa diversidade uma beleza particular, o fogo em si é o mesmo. A vida é una e o amor, a nossa maior força, é o reconhecimento dessa unidade. Somos chama e um brilho uno de um fogo eterno. Esse reconhecimento e sua expressão criativa e transformadora na vida, na forma de um cuidado consigo, com o mundo e com o outro, é a devoção. É o reconhecimento e a preservação do profundo significado da chama da vida e a expressão de sua beleza.
Tales Nunes, Floripa, 27 de agosto de 2014.