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Sobre o amor entre pais e filhos

por Tales Nunes

Somos filhos da terra, do sol e da lua. É a matéria que nos compõem através dos nossos pais. Somos seres cósmicos, mergulhamos no tempo para termos experiências, aprendizado e descobrirmos o amor como fonte de nós mesmo e da Vida. Nesse mergulho, duas pessoas são fundamentais, pai e mãe. A força do Sol para a nossa constituição será por ele doada e a força da lua por ela. O espírito já está pronto, o desejo de nascer constituído e o ambiente preparado para que sua própria força se materialize a partir da composição paterna e materna. Eles são veículos para nossa manifestação.

Essas duas pessoas, também mergulhadas em seus processos pessoais, em suas diversas vidas nessa vida, com suas próprias qualidades e limitações, ajudam-nos a que descubramos o melhor e o pior de nós. Isso se dá em qualquer relacionamento, mas este é especial pois é o primeiro, o inicial e talvez o mais duradouro. As projeções, anseios, expectativas e conflitos são mais amplos. Mas nessa relação, mesmo o pior pode ser veículo de aprendizado, crescimento e possível impu-laho para desenvolvimento de potencial, se bem integrado e compreendido.

O que impede a integração de nossas qualidades latentes é nosso olhar míope, insistentemente rígido e dificultoso em entender a amplidão dos relacionamentos, que se torna não aceitador de nós mesmos e dos outros. A aceitação de si mesmo passa necessariamente por lidar com as forças materna e paterna. Precisamos integrar estes dois seres em nós mesmos através do amor, a única abertura que cria a possibilidade de transformar a mágoa em perdão, a dor em aprendizado e mesmo a ausência em gratidão e força de seguir adiante. É possível perdoá-los pelo que quer que tenham feito. É possível amá-los livre da ideia de perfeição, como eles são, como nós, cheios de qualidades e de defeitos. É possível amar, apesar da imperfeição.

O nosso mais profundo entendimento de nós mesmos, faz-nos perceber que os nossos pais não são apenas causa do que somos hoje e de tudo o que possa ter passado conosco, são também meio. Assim como são veículo para que desenvolvamos nosso corpo para que o espírito se manifeste, são, com suas próprias limitações e tendências, veículos para que vivamos determinadas experiências para crescer. Não é à toa que estão em nosso caminho e que estamos no deles.

Mesmo numa família onde aparentemente não há amor entre pai e filho, eles são veículos para que descubramos o nosso amor por meio de sua não expressão. Mesmo numa família em que há solidão, esta solidão pode ser um meio de se conhecer, de aprofundar em si mesmo e ser desafiado dia-a-dia a se abrir para o mundo, descobrindo uma felicidade em cada desabrochar. O que quer que tenha havido entre você e seus pais faz parte de sua história que o trouxe até esse momento, em que lê este texto e reflete sobre si mesmo, livre para ser diferente, livre para perdoar, livre para entender suas próprias limitações, livre para descobrir em si mesmo um amor que está além dos pais e que quando descoberto faz-nos perdoá-los de qualquer coisa que possam ter feito.

Que cada um descubra este espaço ilimitado em si mesmo e possa levá-lo em forma de ação e palavras para a sua família. E que, à medida que a compreensão de nosso coração se amplia, a nossa família igualmente possa ser ampliada em nossa compaixão, para muito além de nossos pais e nossa mães, a todos aqueles que possuem um pai e uma mãe. Até que possamos agradecer de fato ao Sol, à Lua e à Terra pela vida que nos foi dada.

Tales Nunes

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Tales
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