Em determinado momento da minha vida vivi a experiência de diminuir muito as relações pessoais. Senti-me profundamente só e com medo desse isolamento. Ao mergulhar nesse sentimento reconheci que ele não me era estranho. Sentira-me anteriormente dessa mesma maneira, mesmo estando rodeado de pessoas, amigos, família. A presença do sentimento de solidão ou do medo do isolamento independe da presença de pessoas. A nossa atenção e energia devem ser direcionadas não apenas para a busca de companhia, mas para a observação e compreensão desse sentimento que nos acompanha. Fugir dele é fugir de si mesmo, tentando se refugiar no outro. Ao encará-lo reconhecemos que ele nasce da não aceitação de nós mesmos, do medo de reconhecer e de expor as nossas fragilidades e da constante necessidade da aceitação e do reconhecimento dos outros para nos sentirmos aceitáveis. Aceitando-nos e aprendendo a estar bem conosco, seguros das nossas forças e fragilidades, nos damos conta de um espaço de conforto em si mesmo e que a busca pelo outro deve partir dessa completude e não de um vazio a ser preenchido pelo outro.
(Tales Nunes)