Eu gosto de contemplar as linhas do tempo. Há algo de mágico nesses caminhos.
Uma folha levada pelo vento,
o Sol em sua trajetória luminosa no céu,
uma ruga criando sulco na pele,
a respiração no corpo de quem amo,
uma pétala que se abre no silêncio da noite,
uma gota de chuva que umedece a terra.
O silêncio é o lugar onde as linhas se movem, o sentimento é a sensação do tempo.
Mergulho nas curvas que se mostram em sentimento, elas têm direções infinitas. Não consigo segui-las todas, mas elas me levam de um lugar a outro em mim.
Quando vejo, estou eu mesmo noutro lugar.
Quando vejo, sou eu mesmo outro em mim, enriquecido pelo infinito movimento.
Tudo não passa de uma dança amorosa, uma prece, uma oblação, uma orgia.
Uma linha se funde noutra e noutra e um novo sentido de tempo se abre.
Quando me vejo, sou a soma de linhas, de ondas em ritmo e espirais.
Quando me vejo, não preciso me ver, apenas enxergo com a razão simples do sentimento puro.
Tales Nunes