por Tales Nunes
O universo inteiro é um fluxo constante de forças peregrinas. Não há sequer uma força na manifestação que não esteja em movimento, que não seja movimento, que não seja peregrina. Tudo está caminhando em alguma direção. Associando-se e se dissociando constantemente. Sempre a caminho. A metáfora ideal sequer é caminho, é dança. No caminho se presume um destino a se chegar, como se ele fosse mais importante. Não. O caminho é a dança e o destino é ser plenamente essa dança.
Assim como o Universo, o corpo inteiro é um conjunto de forças peregrinas. Acima, abaixo, aos lados estão os templos, estão os pontos e os fluxos de peregrinação. Templo da Terra, do Fogo, da Água, do Ar, do Espaço, do Tempo. Todos os deuses, todas as forças de composição, toda a inteligência ancestral da Vida está no corpo. A intenção, essa força de construção e agregação da matéria, tanto exalta pontos para que os fluxos do sagrado sejam reconhecidos no corpo, como para que as forças do corpo, por ressonância, criem novos fluxos no Universo. Dá-se o reconhecimento do sagrado a partir do corpo e a criação no sagrado através dele.
Tudo é sagrado, mas no sagrado há pontos de interseção, aberturas que causam aberturas da mente e do coração para a Universalidade da Vida. Seja num rio, numa montanha, numa nascente ou na construção de um templo, num mantra, numa música, em palavras a intenção pode criar um campo de vibração que ressoa na mente como a abertura de um olhar e a sensibilização do coração. Micro, macro, pequeno, grande, minúsculo, tamanho é apenas uma ilusão de perspectiva, vê-se.
Na consciência, projetam-se fluxos variados de vibrações intensificadas pelo calor do desejo e da intenção. E os fluxos compõem formas, intensidades. As formas são estados momentâneos do desejo, da intenção que mantém os fluxos unidos e os fazem reluzir como ser no mundo. Quando o desejo e a intenção encontram seu fundamento, o Amor, as forças do eu e do mundo se igualam. E o que se imaginava eu se dissolve nos fluxos do universo. O peregrino se torna dança.
Seu corpo-templo, então, é o Universo inteiro à sua Luz.
O Universo inteiro, então, é corpo-templo em que reluz.
Tales Nunes