Querem nos fazer crer que o amor é supérfluo. Querem nos incutir a culpa por simplesmente amar. O sonho, o delírio, a lucidez amorosa são direitos inalienáveis. Nunca abra mão da possibilidade de retornar ao simples, sentada em meditação, deitada sobre a Terra, caminhando na Natureza, ou mergulhada no corpo e nos olhos de quem ama.
Apartado do amor, nada de grandioso jamais foi feito no mundo. Querem nos fazer crer que o amor é supérfluo porque é o amor que realmente ameaça todo um sistema. O amor implode o sistema pela raiz.
O delírio amoroso, o sonho amoroso, a lucidez amorosa nos fazem sábios no entendimento de que não precisamos de muito para viver intensamente.
O delírio amoroso, o sonho amoroso, a lucidez amorosa nos fazem sábios no entendimento de que não precisamos construir a vida fundada na competição e no ódio.
A guerra mais desafiadora, justa e nobre é aquela que travo com os demônios em meu coração. Me alio a eles, me torno maior do que toda força em mim que tende a opressão.
Em meu delírio amoroso, a Terra é fértil de alimento e de sonhos. Em meu delírio amoroso, não estou preso ao ódio e vejo homens e mulheres livres para criar os seus sonhos de erotismo, de toque, de criatividade, de amor em genuína revolução.
Como disse a principal voz do movimento surrealista, André Breton:
“A recriação, a recolocação perpétua do mundo num só e único ser, isso que só o amor é capaz de conseguir, ilumina, com os seus mil e um raios, o avanço do mundo. Sempre que um homem ama, nada o pode impedir de empenhar, juntamente com a sua, a sensibilidade de todos os outros homens”. (“Amor louco”, p.104)
Tales Nunes
arte de Ghulam Gasool Santosh