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aos leitores

Hoje em dia cada vez mais se compra livros e se dá livros de presente, ótimo. Mas cada vez mais se tem menos tempo para ler. Daí penso, nesses tempos novelescos modernos, todos os livros comprados e presenteados são lidos? Para onde vão esses seres tão perenes, hoje tão pueris.

Livro é uma coisa íntima, passa-se muito tempo a sós com ele numa relação de troca, carinho, de amor mesmo, quem gosta de ler sabe. É coisa tão íntima quanto, quanto … sim, quanto uma calcinha ou cueca. É isso, e por isso mesmo é delicadíssimo acertar no gosto quando se dá de presente. Muitos esquecem, para se dar um bom livro, é preciso ser um bom leitor. Entrar na livraria como quem sai pra comprar um vinho tendo tomado Sangue de Boi a vida inteira não adianta, os livros que estão mais à vista na livraria, especialmente as de shopping e aeroporto, não são nem os de estação, foram escritos ontem e duram até amanhã. Livro virou telefone celular. Saem de moda. A velocidade do mercado roubou não apenas o tempo da leitura, mas os temas da literatura. Livros, livros e livros de negócio, como ser bem sucedido rapidamente, sem muito esforço, como se iluminar em uma semana, como cozinhar em três passos etc etc etc.

Parece que o mundo nos deixa cada vez menos tempo para simplesmente fazer nada. Para ler um romance, para ler esses escritores clássicos antiquados. Sim, ler essas coisa, para muitos é fazer nada. E o pior, fazer nada é perda de tempo. Em que raios de tempo estamos que fazer nada é perda de tempo? Sim, cada vez mais se tem menos tempo para ler, pena, mas é uma realidade, a disputa com a correria do dia-a-dia, a TV, a novela, o computador, a maçã é dura e injusta. Coitados desses seres frágeis e espaçosos que são os livros, tão fora de moda e tão ameaçados por tudo o que é digital. Pergunto-me, para onde, então, vão os livros comprados dia- a dia, os livros presenteados? Se não nomeados, chutaria, os presenteados são presenteados novamente – nunca o fiz, é apenas uma dedução. Ou, coitados, em sua maioria correm o risco de fazer parte de um limbo bibliográfico semi esquecidos em alguma estante ou em algum canto de uma casa. Juntando-se, com certeza, aos livros comprados. Porque, é simples, o desejo de ler não tem o mesmo ritmo do ato de ler. O tempo do livro, da leitura de um bom livro, é o tempo da contemplação. O desejo é múltiplo, dinâmico, moderno, é maçã maníaco, sempre à espera de uma novidade rápida. A leitura é compassada, única, lenta parece cada vez mais antiga, preta e branca, fora de moda.

Ressalto, nisso sou démodé e sempre serei, para mim livros são sempre bem vindos, de presente, emprestado, em qualquer lugar, mesmo no banheiro, se lidos, se ricos, se de alguma forma perenes, no tempo ou no espaço do coração de cada pessoa. Para isso, acredito, como um bom fora de moda, não vale ser a versão impressa da novela das 21h.

Leitores de todo o mundo, uni-vos!

Tales Nunes

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Tales
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