por Tales Nunes
Ao nos perdermos do profundo, nos perdemos da superfície de contato.
Para mim, as emoções são sinais. Sinais que podem virar marcas ou forças de ser.
Uma emoção é uma forma de ler uma força que nos toca, aliada à memória de outras forças que nos tocaram.
O sentimento é a profundidade na qual as emoções mergulham para que novas possibilidades de ser sejam fecundadas. O sentimento é um profundo infinito.
Quando não nos permitimos sentir as emoções que nos atravessam, fechamos o campo onde elas podem mergulhar e criar a partir dos encontros. Quando não nos fecundam, as emoções viram marcas. As marcas não florescem, elas apenas se acumulam a partir da repetição. Ao ponto de não sabermos mais o que sentimos e desconhecermos a profundidade que somos, o profundo da vida e a beleza dos devires.
A vida se torna uma evitação do sentir, do entrar em contato com o peito. Então saímos em busca constante de experiências que devolvam a profundidade perdida. Mas as experiências em si não nos dão o profundo, quando o sentir não está disponível. Uma coisa é olhar uma flor, outra é ser junto com ela, ser envolvido por ela até que ela mergulhe em si. Sem esse envolvimento, tudo se torna superficial, porque nós nos tornamos superficiais.
Ao nos perdermos do profundo, nos perdemos da superfície de contato.
Tales Nunes




