por Tales Nunes
Cap VIII – O imperecível Brahman
No final do cap VII Arjuna pergunta: “no momento final da minha morte como eu devo pensar em você?”.
É dito que tudo aquilo que você pensa, aquilo que é o mais forte em você é o que você vai pensar no momento final da sua vida. Não adianta você projetar que na hora da morte vai fazer isso ou vai fazer aquilo. Se durante a sua vida você não fez, no final da sua vida quando os órgãos e o corpo estão enfraquecidos porque a vida está saindo do corpo, nesse momento o que você vai pensar é aquilo que na vida tomou a maior parte do seu tempo. O que é mais precioso para você, no momento da morte sua mente vai correr para aquilo. No que você morre pensando e desejando vai ser a conexão e o gatilho para o seu próximo nascimento.
Pensando em Brahman, o absoluto, no momento final da sua vida, você está liberto da próxima encarnação. Então, este conhecimento deve estar muito claro, para que na hora da morte tenha-se essa clareza. Para se ter essa clareza no momento da morte, deve-se levar uma vida de Yoga.
Nesse capítulo, agora, Kṛṣṇa fala sobre o que é Brahman, sobre a natureza de Brahman, o imperecível, o imutável.
Brahmā é o criador mitológico, ou seja o aspecto de criação do Universo.
Brahman é a causa da criação.
Existe a causa da criação e o poder de fazer aparecer, Maiā. Estes dois juntos dão origem a toda a criação. Brahman é aquele que é imutável, que é livre de forma, que é eterno, livre do tempo. Brahman + Maiā = Īśvara
O indivíduo é constituído:
Corpo causal – aquele que não é manifesto ainda. Está na forma de um arquivo de todas as tendências e desejos experienciados e repetidos.
Corpo sutil – prāṇā, órgãos de ação, órgãos de percepção, pensamentos e emoções.
Corpo denso – corpo físico.
Īśvara, o todo, constitui-se dessa mesma maneira:
Corpo físico total – Jagat
Corpo sutil total – Hiraṇyagarbha
Corpo causal total – Mahat – o não manifesto
A base de tudo o que existe é Brahman, é Consciência. Tudo o que existe, existe na consciência, essa consciência sou Eu. A natureza da Consciência que sou eu, é Sat, Cit, Ānanda. É Sat, existência, sempre existência. A consciência é o que está presente nos três estados de consciência, acordado, sonho e sono profundo. Sendo a nossa natureza fundamental sempre existente, todos nós desejamos ser eternos. O desejo pela eternidade vem dessa nossa natureza fundamental. É Cit, conhecimento. O conhecimento é a luz que sempre brilha, que brilha na mente e que ilumina o conhecimento e a ausência de conhecimento, a ignorância. O nosso desejo por tudo conhecer vem da nossa natureza fundamental que é de conhecimento, consciência. Ānanda, plenitude. A nossa natureza fundamental é de plenitude. Quando relaxamos, experimentamos essa planitude, Ānanda Svarupa. Por isso todos nós estamos em busca da plenitude, porque a nossa natureza fundamental não é diferente disso. Ignorância é achar que a plenitude está fora de mim, nos objetos.
O objetivo da vida é descobrir-se como esse Todo, como Brahman. E esse reconhecimento só pode ser compreendido como “Esse todo Sou Eu”. “Eu sou esse Todo”. A meditaçao é colocada por Kṛṣṇa como o meio através do qual a mente pode ser preparada para se chegar a esse reconhecimento pleno.
*Resumo feito por Tales Nunes a partir das aulas da Essência da Gītā da professora Gloria Arieira.
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