por Tales Nunes
Capítulo I – A Tristeza de Arjuna
Este capítulo é chamado de “a tristeza de Arjuna”. A primeira coisa que se estabelece é o estado de espírito de Arjuna para ele fazer a mudança que é necessária no caminho do autoconhecimento, o desejo de pedir por conhecimento.
O primeiro capítulo apresenta-nos a tristeza e o sofrimento de Arjuna frente aquela situação que não era o que ele desejava de maneira nenhuma, ter que guerrear contra seus parentes. Ele esperava que depois de ter sofrido 13 anos de exílio, ele tivesse os seus direitos garantidos, com um pequeno reinado para governar. Ele não esperava que fosse realmente chegar a ao ponto de uma guerra.
Naquele momento Arjuna se deu conta de que a guerra era um fato, porque antes disso ele tinha apenas a idéia sobre a guerra. E subitamente ele pára e se da conta de tudo o que está na sua frente e o que é preciso fazer. Mas falta coragem! E então ele tenta convencer Kṛṣṇa de que a melhor coisa a fazer é desistir da guerra. Nós também fazemos isso, quando estamos em uma situação que envolve uma difícil decisão, a gente tenta convencer a outra pessoa do que eu acho que é melhor fazer, porque apoiado na opinião daquela pessoa eu digo: “fulano também pensa assim, ele me apoiou completamente e eu me sinto mais seguro para fazer a ação”.
Arjuna quer o apoio de Kṛṣṇa. Ele quer que Kṛṣṇa diga “é isso mesmo, você está certinho, você não deve matar os parentes e amigos isso é muito errado”. Para isso, Arjuna começa argumentando que as leis dizem que não devemos matar os parentes, e que aquelas pessoas ali estão tomadas por ambição, egoísmo. Por isso eles foram para a guerra, mas eles (Arjuna e Kṛṣṇa) não, eles não estão tomados pelo egoísmo nem pela ambição. O que eles querem é o correto, o Dharma. E não é correto matar os parentes.
Arjuna tenta de tudo no capítulo 1 para convencer Kṛṣṇa de que aquela guerra não seria boa, que iria destruir as famílias, que o Dharma iria declinar, que iria matar os parentes em nome de riqueza e reinados. A confusão foi tamanha que ele esqueceu a verdadeira razão da guerra, as emoções tomaram conta do seu ser. Arjuna viu que quaisquer das decisões que tomasse envolveriam perdas, e ele ficou na dúvida do que era “menos pior” fazer naquele momento.
Ele diz então que o melhor seria deixar os adversários ganharem, tentando aparentar uma atitude de humildade e nobreza, quando, no entanto, está tentando fugir. Nós agimos assim muitas vezes quando somos colocados frente a decisões difíceis. Arjuna usa de todos os argumentos possíveis para não guerrear.
Kṛṣṇa, nesse primeiro capítulo apenas escuta as lamentações de Arjuna e não diz nada fica só ouvindo Arjuna se lamentar. É no segundo capítulo que ele intervém.
E o primeiro capítulo fecha com Sanjaya dizendo:
“Arjuna, cuja mente está tomada de tristeza, falando desta forma e abandonando o arco e as flechas, sentou-se na carruagem, no campo de batalha”.
*Resumo feito por Tales Nunes a partir das aulas da Essência da Gītā da professora Gloria Arieira.