por Tales Nunes
A terra onde nascemos é sempre uma referência, mesmo que em lembranças. É onde ensaiamos a nossa firmeza.
Por mais que nossas raízes estejam plantadas em outros solos, aquela sempre será a terra onde nos fixamos primeiro, onde aprendemos a crescer, onde recebemos acolhimento para futuramente oferecermo-nos como refúgio.
Para isso a natureza é sábia, nos faz nascer no ramo que melhor irá nos nutrir para que possamos exercer toda a nossa força nessa vida.
Um dia estava no jardim de “minha casa”, que não era mais minha mas será sempre um pouco de mim e muito em mim, e conversava sobre o que havia mudado ali. Foi quando escutei:
“Está vendo aquela planta, ela estava no vaso, não crescia, não importava o que fizesse. Tirei-a do vaso e plantei na terra, olha o tamanho, a vida e a força que está. É a mesma coisa com as pessoas. Se as prendemos, elas não crescem.”.
Naquele exato momento, aquelas palavras, aquela voz e presença que para mim sempre foram referência de amor, me mostraram as raízes sobre as quais me permiti crescer. A fala continha um tanto de acolhimento e liberdade, de amparo e impu-laho e, para mim, profundo entendimento.
Hoje não estou mais na terra onde nasci, não mais à sombra onde primeiro cresci, mas carrego eternamente comigo todo o aprendizado que delas tirei, como raízes sobre as quais permito-me ser livre para crescer. Se hoje posso plantar, se hoje sei o que é o amor, é pelo que aprendi e continuo a aprender, longe e à sua presença.
O amor é essa raiz que nos mantém sempre ligados, nos dando alimento para crescer e desenvolver toda a nossa força. Nos une sempre, para além do tempo e do espaço, pois nela nunca nos separamos.
Tenho essas e muitas outras palavras guardadas no coração, tantas que já floresceram, outras que sequer sei eu quando serei solo para que se tornem flores.
Valeu Pai!
Tales Nunes