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arte de Banksy

Um sistema fundado no medo e na escassez

por Tales Nunes

Fazem-nos crer na mentira de que o capitalismo é um sistema fundado na prosperidade.
Olhe para as florestas, olhe para o Mar, olhe para a multiplicidade de animais que vivem nesse planeta, é tudo o que o capitalismo devora, como uma máquina faminta.


Vejam só, o capitalismo, em nome da abundância e das múltiplas possibilidades que vende mata os rios, mata as montanhas, mata espécies inteiras, mata sobretudo culturas.


O alimento de que se serve para se manter engolindo tudo é a ideia de escassez e o medo. É um sistema baseado na escassez e no medo, exatamente porque é uma ideologia fundada na falta e no desmembramento do sujeito. Nunca é suficiente para o capitalismo, porque não quer que sejamos inteiros, realmente livres para escolher não seguir os padrões de vida que nos vende. Nossa liberdade de escolha é dirigida para o consumo, para a competição e para uma ideia de sucesso que está longe de ser realização.


Toda a nossa criatividade se volta para a produção. Mas criar, criar nada tem a ver com produção. Criar é a força da alma humana. Por isso a poesia é essencial, a recriação constante do mundo. O amor é a força da alma humana, criar em nome da abundância e da beleza.


O capitalismo não nos move pelo amor, pela abundância, pela generosidade, pela poesia, qualidades da liberdade. O capitalismo nos incute a falta e nos faz acreditar na luta de todos contra todos. Em vez da multiplicidade dos sentidos poéticos da vida nos vende a uniformização do pensamento. Cria um deserto simbólico, tanto quanto devasta toda a abundância natural por onde passa.

Nós, seres humanos, somos uma multiplicidade de possibilidades de expressão de riquezas, mas nos tornamos uma praga, sugadores sem fim. Buracos ambulantes. Chamamos de liberdade a ilusão da felicidade através do consumo e do acúmulo. Ao final tendemos e morrer vazios, porque não conduzimos as nossas vidas pela beleza e pela sabedoria.


Ao pensarmos o mundo unicamente através do cálculo, do lucro e da utilidade esgotamos a magia da existência. Pense numa baleia, a força da existência, a inteligência e a sensibilidade desse ser. Ao transformá-la num produto, toda a riqueza de sua existência se esvai.


A Vida em si é próspera, abundante de formas, de cores, de sensibilidades e de símbolos. A luta que precisamos é o resgate da beleza e de uma Vida fundamentada na poética da existência.


Essa riqueza não é um produto, não é algo que se compre ou que se venda, é um olhar que se cultiva, que inebria e alimenta.

Tales Nunes

*Arte do artigo: Banksy

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Tales
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