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Yoga, Poesia, cursos, reflexões, pensamentos

Os tratados clássicos de Hatha Yoga

Por Tales Nunes

O surgimento do Hatha Yoga está vinculado a Gorakshanatha, o fundador da ordem dos Kanphata yogis. A ele é atribuído a autoria dos tratados Hatha Yoga (atualmente perdido) e Gorakshashataka. Os três textos que temos disponíveis hoje que nos apresentam com detalhes as técnicas de Hatha Yoga sao a Gheranda Samhita, a Shiva Samhita e a Hatha Yoga Pradipika.

O Hatha Yoga é um método de Yoga que ganhou força no período medieval da Índia (séculos IX a XVI). De acordo com estes textos, o objetivo do Yoga é o despertar de uma energia potencial (kundalini) através do esforço físico extremo.

A palavra hatha significa esforço extremo e deriva das sílabas ha, “sol”, e tha, “lua”. A partir dessa visão de mundo colocada pelo Háthá Yoga, vemos a visão dualista que herdou do Tantra. A união das forças solar e lunar, masculina e feminina no indivíduo é o objetivo desta prática de Yoga.

Hoje, o textos considerados como clássicos do Hatha Yoga são a Hatha Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita e a Shiva Samhita. Estes tratados foram escritos no que chamamos de período medieval da Índia, entre 1400 e 1800 d.C. São os primeiros textos que temos em mãos que trazem descrições mais detalhadas e referências a asanas e os benefícios em praticá-los. Antes destes temos apenas referências de posturas sentadas nas Upanishads, como vimos, e nos Yoga Sutras de Patañjali, escrito cerca de 150 a.C.. Porém a ênfase é mínima. Nenhuma menção a nome de postura é feita. Os três tratados de Hatha Yoga trazem descrições detalhadas não apenas de asanas, mas também de pranayamas, mudras, purificações, meditações. A ênfase das obras está na explicação da execução e dos benefícios das práticas de Hatha Yoga.

Esses textos, não possuem a riqueza filosófica que tem as Upanishads e outros textos. Dos três tratados, é a Shiva Samhita quem traz um maior conteúdo filosófico. Ao ponto de alguns autores afirmarem que ela é um misto de técnicas de Hatha Yoga e filosofia de Advaita Vedanta.

Hatha Yoga Pradipika

 

A Hatha Yoga Pradipika é considerado um dos três tratados clássicos do Hatha Yoga. É um manual detalhado sobre a prática do Hatha Yoga. Esta obra foi escrita por Svatmarama Yogendra, que viveu por volta do século XIV d.C..

Pradipika significa “luz brilhante”, significa também “explicação”, “comentário”. Este texto é composto por quatro capítulos, com um total de 389 versos. Diferente da Gheranda Samhita, o autor desta obra optou por apresentar os asanas no primeiro capítulo e o seu conteúdo no final.

O autor descreve no primeiro capítulo 16 asanas. A maioria deles são variações da postura sentada com as pernas cruzadas. Os praticantes de asanas mais entusiastas, ao se deparar pela primeira vez com esta obra considerada a cânone do Hatha Yoga podem se sentir frustrados. Tanto pelo número de asanas reduzidos que contém a obra, quanto pelos asanas que são descritos, que não são os asanas mais populares e mais praticados hoje em dia. Abaixo segue uma lista de asanas descritos na obra que nos foi fornecida gentilmente por Pedro Kupfer:

 

1. svastikasana ::: postura auspiciosa

2. gomukhasana ::: postura de Gomukha (duas variações)

3. virasana ::: postura do herói (três variações)

4. kurmasana ::: postura da tartaruga

5. kukkutasana ::: postura do galo

6. uttanakurmasana ::: postura da tartaruga elevada

7. dhanurasana ::: postura do arco

8. matsyendrasana ::: postura do yogi Matsyendra

9. pashchimottanasana ::: postura de alongamento intenso

10. mayurasana ::: postura do pavão

11. shavasana ::: postura do cadáver

12. siddhasana ::: postura da perfeição

vajrasana ::: postura do diamante (outro nome de siddhasana)

muktasana ::: postura da libertação (mais um nome de siddhasana)

guptasana ::: postura oculta (mais outro nome de siddhasana)

13. padmasana ::: postura do lótus (duas variações)

14. simhasana ::: postura do leão

15. bhadrasana ::: postura virtuosa

16.gorakshasana ::: postura do yogi Goraksha (outro nome para bhadrasana)

No segundo capítulo são descritos os pranayamas. E para aqueles praticantes que tem a saúde fraca, são recomendados “seis ações purificatórias” (shatkarma). Abaixo seguem os pranayamas e os shatkarmas descritos. Mais uma vez trago uma lista resumida por Pedro Kupfer:

Shatkarmas:

1. dhauti ::: purificação do trato digestivo (vomição)

2. vasti ::: lavagem intestinal (água salgada)

3. neti ::: limpeza nasal (com um pano ou com água)

4. trataka ::: purificação dos olhos (exercícios visuais)

5. nauli ::: auto-massagem abdominal

6. kapalabhati ::: limpeza das vias respiratórias

7. gajakarani ::: a vomição purificadora

 

Pranayamas:

1. nadi shodhana

2. suryabhedana

3. ujjayi

4. shitkari

5. shitali

6. bhastrika

7. bhramari

8. murccha

9. plavini

10. kevala kumbhaka

 

O processo de despertar da Kundalini está exposto no terceiro capítulo, e é acompanhado pela descrição de dez “selos” físico-energéticos chamados de mudras. Este capítulo traz também a explicação de três “contrações” físico-energéticas chamadas bandhas, que consistem na contração da garganta, do ventre e do assoalho pélvico. O capítulo é concluído com uma descrição das técnicas tântricas vajroli e sahajoli.

Enfim, o capítulo final discorre sobre as técnicas de percepção do nada, o som interior que se torna perceptível quando as nadis são devidamente purificadas. Neste capítulo também é descrita a absorção final (laya) e as etapas do samadhi, a iluminação.

Como vimos, a ênfase da obra está nas práticas de purificação, energéticas e meditativas, acompanhado de uma explanação sobre o samadhi. O objetivo final de todas as práticas explicadas aqui é o samadhi. O Samadhi aqui é colocado como um estado de supra-consciência que pode ser alcançado através da combinação das práticas de Hatha Yoga, que purificam e preparam o corpo para as práticas meditativas que levam ao samadhi.

A Gheranda Samhita

 

Gheranda Samhita significa, literalmente, “coleção do sábio Gheranda”. O texto consiste num diálogo entre um sábio, Gheranda e seu discípulo, Chanda Kapali.

A Gheranda Samhita começa com a célebre frase, que também aparecerá no final da Hatha Yoga Pradipika:” Inclino-me ante o Senhor SHiva que primeiramente ensinou o Hatha Yoga, ciência que está como o primeiro degrau na escada que conduz às sublimes alturas do Raja Yoga”.

A seguir, o autor sugere o caminho de sete partes, o qual, segundo ele, seria o caminho do Hatha Yoga. Dentro desse caminho, o asana cumpre o seu papel, mas não é o centro da prática. Vejamos os sete passos:

1-   Shatkarmas“- seis ações” (de purificação)

2-    Asanas – posturas psicofísicas (que fortalecem)

3-    Mudras – selos energéticos (que dão firmeza)

4-    Pratyahara – abstração sensorial (que outorga calma)

5-    Pranayamas – respiratórios (que expandem a energia)

6-    Dhyana – concentração psíquica (que confere a visão)

7-    Samadhi – iluminação (que outorga a percepção libertadora)

No texto, é ressaltado que cada um desses passos traz um benefício ao praticante e o benefício dos asanas é resumido à força. A Gheranda Samhita apresenta 32 asanas.

1. siddhasana ::: postura da perfeição

2. padmasana ::: postura do lótus

3. bhadrasana ::: postura virtuosa

4. muktasana ::: postura da libertação

5. vajrasana ::: postura do diamante

6. svastikasana ::: postura auspiciosa

7. simhasana ::: postura do leão

8. gomukhasana ::: postura de Gomukha, nascente do rio Ganges

9. virasana ::: postura do herói

10. dhanurasana ::: postura do arco

11. mrtasana ::: postura do cadáver

12. guptasana ::: postura oculta

13. matsyasana ::: postura do peixe

14. matsyendrasana ::: postura do yogi Matsyendra

15. gorakshasana ::: postura do yogi Goraksha

16. pashchimottanasana ::: postura de alongamento intenso

17. utkatasana ::: postura terrível

18. shaṅkatasana ::: postura perigosa

19. mayurasana ::: postura do pavão

20. kukkutasana ::: postura do galo

21. kurmasana ::: postura da tartaruga

22. uttanakurmasana ::: postura da tartaruga elevada

23. mandukasana ::: postura da rã

24. uttanamandukasana ::: postura da rã elevada

25. vrkshasana ::: postura da árvore

26. garudasana ::: postura de Garuda

27. vrsasana ::: postura do touro

28. shalabhasana ::: postura do gafanhoto

29. makarasana ::: postura do leviatã

30. ushtrasana ::: postura do camelo

31. bhujaṅgasana ::: postura da naja

32. yogasana ::: postura do yogi

Este parece ser um texto mais completo em termos de asanas e na proposta de um caminho de prática melhor definido, se compararmos a Hatha Yoga Pradipika. Porém ambas são muitos semelhantes, trazem explicação de práticas em comum e o objetivo é o mesmo, samadhi através de técnicas psico-físicas e práticas meditativas. Aqui ainda pouco foi trazido sobre filosofia, sobre o conhecimento do Ser. É apenas na Shiva Samhita que nos deleitamos com uma elaboração maior sobre o conhecimento do Ser.

A Shiva Samhita

Shiva Samhita significa, coleção (de ensinamentos) de Shiva. Este texto é datado do século XVII d.C. O texto está dividido em cinto capítulos e contém 540 estrofes, as quais trazem um diálogo entre Shiva e sua esposa, Parvati. Nestes versos, o deus yogi ensina o Yoga a sua esposa.

É dito que este texto é um misto de exposição das técnicas de Hatha Yoga, com a filosofia não-dualista do Vedanta, trazido à luz a partir das Upanishads. Dos três tratados de Hatha Yoga, podemos dizer que a Shiva Samhita é o que mais dá ênfase aos aspectos filosóficos.

O primeiro capítulo versa sobre a identidade entre atman e Brahman. Assim começa o texto:

“A Existência é Una.

Somente o Conhecimento (Jñana) é eterno. Ele não tem início nem fim. Não existe nada fora ele. A aparente diversidade do mundo é resultante da limitação dos sentidos. Quando esta limitação desaparece, apenas o Conhecimento, e somente ele, resplandece. 1.

Eu, Ishvara, amante de meus devotos e doador de emancipação espiritual a todas as criaturas, declaro assim a ciência do ensinamento do Yoga (Yoganushasanam). 2.

Nele, são descartadas todas as doutrinas que conduzem ao Conhecimento errôneo. Ele é adequado para a emancipação espiritual daquelas pessoas cujas mentes não se distraem, e que permanecem completamente focadas em Mim.” (tradução de Pedro Kupfer).

Adiante, continuam os ensinamentos sobre o conhecimento do Ser, essencialmente ensinado pelo Advaita Vedanta. Transcrevo este longo trecho para que possamos ver tanto a presença do Vedanta e das Upanishads neste texto de Hatha Yoga, quanto a beleza com que é colocado esse conhecimento:

 

“O conhecimento.

O yogi sábio, havendo realizado a verdade, deve renunciar [ao fruto dos karmas]. Havendo tanscendido o mérito e o demérito, concentra-se no Conhecimento. 32.

Afirmações vêdicas como “o Ser deve ser conhecido”, “Palavras sobre Ele devem ser ouvidas” e outras, são as reais salvadoras, doadoras de Conhecimento verdadeiro. Estas afirmações vêdicas devem ser estudadas com grande atenção. 33.

Eu sou a Inteligência, que propu-lahiona as ações no caminho do mérito ou no caminho do demérito. Todo este Universo, o que se move e o que permanece imóvel, deriva de Mim. Todas a criação é preservada por Mim. Toda a criação é absorvida em Mim no momento da dissolução final, pois somente o Ser existe, e Eu sou esse Ser. Não há nada que exista separado do Ser. 34.

O Ser permeia toda a Criação.

Podem ser observados muitos reflexos do sol em diversos recipientes de água. Os indivíduos, como os recipientes, são inúmeros, embora Paramatman, como o Sol, seja um só. 35.

Durante o sonho, o indivíduo cria diversos objetos por sua vontade, que desaparecem quando ele acorda. Da mesma forma acontece com este Universo. 36.

Ignorância e Conhecimento.

Assim como, através da Ilusão, uma corda aparenta ser uma serpente ou a madrepérola parece ser prata, similarmente, todo este Universo está contido dentro do Ser. 37.

Quando o Conhecimento verdadeiro sobre a corda aparece, a noção errônea dela como sendo uma serpente desaparece. Da mesma forma, ao surgir o Conhecimento do Ser, a idéia do Universo baseada na Ilusão, desaparece. 38.

Quando o Conhecimento sobre a madrepérola é obtido, a visão errônea dessa substância como sendo prata, desaparece. Da mesma forma, através do Conhecimento do Ser, o mundo revela-se como uma Ilusão. 39.

Assim como quando um homem passa em suas pálpebras o colírio preparado com a gordura das rãs, um bambu aparenta ser uma serpente, da mesma maneira, o mundo aparece como uma entidade separada do Ser, sob o pigmento ilusório do hábito e da imaginação. 40.

Assim como, através do Conhecimento da corda, a serpente revela-se como uma ilusão, similarmente, através do Conhecimento espiritual, o mundo revela-se [igualmente como uma ilusão]. Assim como, para alguém com icterícia, a cor branca parece ser amarela, similarmente, através da doença chamada Ignorância, este mundo aparenta ser uma entidade separada do Ser. Esse é um erro muito difícil de ser removido. 41.

Assim como quando a icterícia é curada, o paciente percebe a cor branca do jeito que ela é, da mesma forma, quando a Ignorância ilusória é destruída, a natureza real do Ser torna-se manifesta. 42.

Assim como uma corda nunca pôde se transfomar em serpente no passado, não pode se transformar no presente, nem poderá se tornar serpente no futuro, o Ser, que está além dos gunas nunca se transforma no Universo [pois Ele já é o Universo]. 43.

Alguns sábios versados nas escrituras, havendo recebido o Conhecimento sobre o Ser, têm declarado que até mesmo os devas (semideuses) como Indra e os demais, são não eternos, sujeitos a renascimentos e mortes, e passíveis de serem destruídos. 44.

Como uma bolha no mar, surgida do vento, o mundo transitório surge do Ser. 45.

O Ser é ilimitado.

A Unidade existe sempre. A diversidade não: há um momento em que ela cessa. A dualidade e as demais percepções do mesmo tipo surgem somente da Ilusão. 46.

Tudo o que foi, é ou será, com ou sem forma, todo este Universo está permeado pelo Ser. 47.

A Ignorância é um produto da imaginação. Ela nasce da fa-lahidade, e sua própria essência é irreal. Como este mundo pode ser considerado real, partindo-se dessa premissa? 48.

Todo este Universo, o que se move e o que permanece imóvel, surgiu da Inteligência. Renunciando a qualquer outra coisa, refugie-se nela. 49.

Assim como o espaço permeia um jarro por dentro e por fora, similarmente, aquém e além deste Universo sempre mutante, existe o Ser. 50.

Assim como o espaço, permeando os cinco estados aparentes da matéria, não se mistura com eles, da mesma maneira o Ser não se mistura com o sempre mutante Universo. 51.

Desde os devas até o mundo material, tudo está permeado pelo Ser. Somente existe Satchitananda, onipresente e ímpar.

Não sendo iluminado por nenhum outro agente, Ele é auto-efulgente. Por causa dessa auto-efulgência, a natureza verdadeira do Ser é a luz. 53.

Não estando o Ser limitado por tempo nem espaço, Ele é infinito, onipresente e pleno. 54.

O Ser não é como este mundo, composto por cinco estados aparentes da matéria e sujeito à destruição. Ele é eterno; nunca será destruído. 55.

Não existe outra substância além d’Ele. Fora Ele, o resto é aparência. Ele de fato é a Verdadeira Existência. 56.

Neste mundo, criado pela Ignorância, a destruição do sofrimento implica na conquista de felicidade. Através do Conhecimento, surge a proteção contra todo tipo de sofrimento. Da mesma maneira, o Ser é pura felicidade (ananda). 57.

Através do Conhecimento é destruída a Ignorância, causa material do Universo. O Ser é Conhecimento. Esse Conhecimento, conseqüentemente, é eterno. 58.

No tempo, este Universo múltiplo tem sua origem. Igualmente, existe Uno que é realmente o Ser, eterno através do tempo. Ele é Uno, e inconcebível. 59.

Todas estas substâncias externas irão desintegrar-se no tempo. Porém, o Ser, que não pode ser conhecido pela palavra, sempre existirá. 60.

Nem o espaço, nem o ar, nem o fogo, nem a água, nem a terra, nem suas diversas combinações, nem os deuses, são perfeitos. Somente o Ser é perfeito. 61.

Havendo renunciado a todo fa-laho desejo e havendo abandonado as correntes mundanas, o yogi percebe o Ser em seu próprio espírito. 62.

Havendo percebido o Ser, que traz felicidade, como sendo sua própria essência, [o yogi] deixa de lado o mundo [banal] e desfruta a plenitude inefável da mais profunda meditação. 63.” (tradução de Pedro Kupfer)

Terminado o primeiro capítulo, o segundo faz alusão à estrutura do corpo sutil. É apenas no terceiro capítulo que vemos as explicações sobre as técnicas de Hatha Yoga como asanas e pranayamas. Na Shiva Samhita é dito que há tantos asanas quanto animais na terra, mas o texto descreve apenas algumas dessas posturas.

O quarto capítulo ensina os mudras e explica a técnica de reabsorção seminal prescrita para que o praticante evite a perda de energia chamada vajroli mudra. O quinto capítulo, o mais longo, versa sobre os chakras e traz à tona os tipos de Yoga: Mantra, Hatha, Raja, Laya Yoga.

Ressaltamos que todas essas práticas têm seus benefícios físicos e psíquicos. Porém é apenas a partir do conhecimento sobre a nossa real natureza que há uma transformação fundamental. Uma transformação na maneira como vemos o mundo. O Samadhi proposto por estes textos, como uma experiência extraordinária não trazer a liberdade e a realização que é buscada.

A nossa natureza é de liberdade e de não limitação. Então, nada a mais deve ser buscado enquanto experiência. A liberdade deve ser reconhecida. É através de um processo cognitivo que a liberdade é reconhecida. O que nos aprisiona é a nossa sensação de limitação, a nossa identificação com o nosso corpo, com os nossos gostos e aversões. Quando vemos que não somos apenas o que sempre pensamos ser (o corpo, a mente, sensações, emoções), relaxamos e descobrimos que essencialmente já somos tudo o que procuramos fora: liberdade, plenitude, conhecimento.

Toda e qualquer experiência sentado durante uma prática de Hatha Yoga traz-nos uma tranqüilidade mental e corporal. Mas pode nos levar a querer ter essa experiência por vezes e vezes. E pode nos colocar numa constante expectativa de que a liberdade está logo ali, adiante. Isso leva-nos a pensar que nós precisamos fazer coisas para que sejamos livres, para que nos sintamos completos. Quando, em realidade, não precisamos fazer nenhuma ação para vermos que somos plenos e completos. O que precisamos é reconhecer. As técnicas não podem dar-nos a liberdade que buscamos. A técnica dá-nos antah karana shuddhi, a purificação da mente necessária para que o ensinamento que nos faz reconhecer se estabeleça.

O que procuramos é o Absoluto (Brahman) e porque é absoluto não pode ser produzido, já existe agora.”

Retirado da Apostila de Curso de Formação de Yoga (Módulo Gita) ministrado por Tales Nunes.

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Tales
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