por Tales Nunes
A maior beleza de se ter um guru é o fato dele não existir. Ele existe na não existência.
Não existe guru enquanto uma entidade humana detentora de um poder acima de você. Qualquer mestre que se intitule como tal, não o é.
Mestre é um lugar sem substância no qual você se apoia para subir num suporte que não existe fora de você e que lhe permite enxergar a Vida como um sonho.
Nenhum guru ou mestre existe como mestre em si, mas apenas como alguém que indica, que aponta, com o olhar, com a poesia de sua existência, com o silêncio.
Para onde aponta?
Para a natureza. O verdadeiro mestre é ela. Ela que ensina com a própria existência. Ela que se revela na despretensão. Ela que nunca acumula, apenas flui como pura potência. Ela que não toma, mas é sempre troca e toque. Ela que se desloca como múltiplas formas de um sonho ancestral.
Mestre é aquele que se torna Natureza e por isso não precisa ser nada além de sua simples e rica existência, não precisa de títulos, de cerimônias ou de status, porque se vê como tudo o que toca. Uma folha, uma flor, um altar, uma forma sonora ou visual, tudo é um magnífico sonho no qual sonhamos juntos.
Tales Nunes
